Depois que deixou a Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso escreveu cinco livros e participa constantemente de seminários, conferências, artigos, reuniões internacionais e eventos diplomáticos. O ex-presidente, natural do Rio de Janeiro, mas que vive na grande São Paulo, conversou com a repórter Rosângela Bittar por quase duas horas e vinte minutos para conceder a entrevista que integra o recém lançado livro À Mesa com o Valor.

A conversa, publicada originalmente no suplemento semanal “Eu & Fim de Semana”, que circula todas as sextas-feiras no jornal Valor Econômico, foi selecionada pela colunista Angela Klinke e pelo editor Robinson Borges para compor o livro que reúne as 50 melhores entrevistas e foi lançado pela editora Apicuri como parte das comemorações dos 15 anos do jornal.

Fernando Henrique Cardoso falou sobre sua vida profissional e pessoal. O ex-presidente do Brasil assumiu sua condição atual: a de ex-presidente. “Nenhum presidente assumiu a condição de ex. Eu assumi. Já cumpri minha função como político partidário, vou pensar numa coisa maior, no mundo, no Brasil, mas sem partidarismo”.

A entrevista aconteceu à mesa do La Brasserie, restaurante do chef Erick Jacquin, em Higienópolis. O convidado do Valor Econômico pediu um entrecôte rôti ao ponto, para falar sobre os legados de seu governo e um pouco de sua rotina: de manhã, duas vezes por semana, exercita-se acompanhado por um personal trainer na academia de seu bairro. Quando está em casa, lê, escreve e responde e-mail. Quase todos os dias, tem convites para jantar. Vai muito ao cinema e concertos músicas. Ao teatro, pouco. “Não é meu forte”.

O ex-presidente do Brasil também comentou sobre a perda de sua esposa, Ruth Cardoso, que faleceu em 2008. “Tivemos uma longa convivência, 55 anos. É claro que é uma perda enorme, mas como você está mais velho, encara a perda pensando: daqui a pouco eu vou também. As pessoas morrem, mas permanecem. ”

Durante o jantar, Fernando Henrique avaliou seu governo como uma articulação do Estado, da economia e das políticas sociais, e ressaltou que o trabalho de Lula foi continuar suas medidas e ampliar os programas sociais. Garantiu que há vida depois do planalto, argumentando que “vale a pena viver, enquanto puder viver”.

Além de Fernando Henrique Cardoso, o livro traz personalidades contemporâneas de diferentes pontos de vista, atividades e regiões do Brasil, que compartilham intimidades da vida profissional e pessoal.