TEATRO – Cia. de Teatro Sala 3 questiona a capacidade do homem atual de realizar seus sonhos com Yerma
Yerma não é simplesmente um texto teatral; defini-lo assim seria limitá-lo. Quando Federico García Lorca escreveu o poema dramático, revelou a melancolia que toma o homem em período tão complexo. Era o ano de 1934 e o mundo explodia pelo medo e fracasso. Lorca sabia disso. E a história de um homem incapaz de trazer à vida um filho revelava o quanto à falência do humano atingira o ser. Esse é o aspecto fundamental do espetáculo dirigido pelo goiano Altair de Sousa, trazer à tona o quanto o indivíduo se tornou impotente em suas múltiplas dimensões.
A natureza externa e interna do homem configura a desconstrução de sua própria segurança, de tal modo, a ponto de nem mesmo o meio e o percurso se configurarem como instrumentos de contraposição.
Ao apresentar Yerma, a Cia. de Teatro Sala 3 novamente questiona a capacidade do homem atual de realizar seus sonhos, mostrando o quanto estamos submersos às impotências de sistemas de forças, cujas condições desconhecemos e descobrimos apenas depois de atingidos. Não resta outro caminho que não o de tentar. Então, fracassamos também no existir como verdade. E esse é o mais terrível sonho próximo de destruição: o de nos reconhecermos humanos e, por isso, especiais.
SINOPSE
Em 1934, Federico García Lorca escreveu o poema dramático Yerma, abordando a esterilidade de um casal pela perspectiva feminina, em um ambiente de mistério e poesia típicos. Casada, desejando um filho, Yerma trilha um caminho que a levará à tragédia. Nesse contexto, o diretor Altair de Sousa utiliza-se da falência dos argumentos racionais da narrativa para elaborar um espetáculo que trata de uma investigação cênica sobre a impotência em múltiplas dimensões: das regras frente à vontade; dos laços sociais frente à animalidade do corpo; das palavras e acordos que resultam em violência e rupturas; do indivíduo frente à moral. É nesse território desconhecido que se passa a peça, em que a violência surge livre e em oposição.
O fim das coisas, um jogo de morte, mas acima de tudo, a impossibilidade de realizar sonhos. Yerma é um dos grandes personagens da história do teatro moderno, talvez por se mostrar tão obstinada a cumprir um desejo não partilhado pelo companheiro.
Sobre o AUTOR
Poeta e dramaturgo, nasceu em 5 de junho de 1898, em Fuente Vaqueros, quando a Espanha tentava florescer nas letras e nas artes. Granada, sua província de sortilégios e muitos apelos telúricos: berço e túmulo. Aprendeu as primeiras letras com a própria mãe – professora primária, Vicenta Lorca, casada com Federico García Rodriguez, ambos provincianos e muito ligados à terra granadina. Precoce em tudo: na música, no desenho, nas letras, na descoberta do mundo circundante; joalheiro da palavra, sabia trabalhar o verso para que ele pudesse, quando lido ou ouvido, reluzir ou tilintar no espelho e no alforje da poesia e do teatro.
SERVIÇO
Data: 12 e 13/08 – às 21 horas
Local: Teatro Goiânia
Endereço: Rua 23, nº 252 – Centro – Goiânia – Goiás fone: 3201- 4685
Vendas na bilheteria do Teatro: R$ 10,00 (inteira) | R$ 5,00 (meia)
Gênero: Poema dramático
Classificação: 12 anos
Duração do espetáculo: 1 hora