“Livro de cabeceira” encerra a Flip
Tradicional encerramento da Flip, a mesa “Livro de Cabeceira” é o momento em que diferentes autores da programação principal se juntam para ler trechos de seus autores favoritos. De Guimarães Rosa a Samuel Beckett, de Flaubert a Virginia Woof… Respondendo à pergunta “que livro levariam para uma ilha deserta para ler e reler pelo resto da vida?”, oito autores participaram do encontro, num intercâmbio de sotaques e repertórios.
A tradicional “Livro de cabeceira” trouxe oito autores ao palco da Flip, para leitura de trechos favoritos de cada (foto de Walter Craveiro)
Ayelet Waldman leu um trecho do ensaio: “Um Teto Todo Seu”, de Virginia Wolf, lembrando que levou 18 anos trabalhando em cafés e bibliotecas antes de ter um quarto só seu para escrever — recomendação primordial de Wolf para escritoras. Colm Toíbín escolheu “Os Mortos”, uma das histórias do livro Dublinenses, de James Joyce. “Se eu for para uma ilha deserta, vou esperar o domingo para ler essa história. Ao longo da semana lerei as outras.”O queniano Ngũgĩ wa Thiong’o falou de sua primeira experiência “em Paraty, no Brasil, na América do Sul”, mencionou uma “proximidade intelectual com o Brasil que passa por Jorge Amado e Paulo Freire”, leu um trecho de No castelo da minha pele, de George Lamming.
Diego Vecchio leu um excerto de Bouvard e Pécuchet, livro que Flaubert deixou inacabado, “um texto em que a literatura se permite rir um pouco da ciência”. Carlos Augusto Calil trouxe o homenageado Mário de Andrade com “O poeta come amendoim”, de 1924, e Matilde Campilho revirou trecho de Textos para Nada, de Samuel Beckett, que “parece alguém a segredar textos pela noite”, nas palavras da poeta portuguesa.
Marcelino Freire prestou uma homenagem à idealizadora da Flip, Liz Calder, e à Tânia Rosing, da Jornada de Passo Fundo, definidas por ele como “guerreiras”, e leu o poema “Súplica”, da moçambicana Noémia de Sousa. Richard Flanagan recitou em inglês “A Terceira Margem do Rio”, conto de Guimarães Rosa. Tão forte quanto os trechos lidos em voz alta foi o vídeo enviado pelo jornalista italiano Roberto Saviano lamentando sua ausência na Flip e traçando um panorama da dimensão do narcotráfico no Brasil e no mundo. O vídeo está disponível em nosso canal no youtube (clique aqui para assistir).
Ao final da mesa, um cortejo de maracatu saiu por Paraty — fazendo a festa se diluir pela cidade.
Reprodução Blog Flip.org.br