FLIP – Política e perdas afetivas em cena

Aos 84 anos, o historiador Boris Fausto propôs-se a falar sobre Brilho do Bronze, livro de memórias em que narra seu processo de luto após a morte da mulher, a educadora Cynira Stocco Fausto, com quem foi casado por 49 anos.
Ao longo do debate, no entanto, as reflexões sobre morte, doença e dor deram lugar aos apontamentos do intelectual sobre o ofício de historiador, alguns episódios da história do Brasil e especialmente a atual conjuntura política do país. Falando sobre problemas do PT – cuja cúpula trabalha hoje, segundo ele, “num sistema de gange” – e desafios da oposição, Boris foi muito aplaudido.
“O problema da oposição é não ter sabido ser oposição, não ter tido a coragem de ter dito: ‘sim, nós pensamos de outro modo’, de ser um partido da classe média que tivesse coerência nas suas atitudes. Que tivesse introduzido o favor previdenciário no governo Fernando Henrique e que tivesse votado a favor do favor previdenciário mais adiante.”
Fausto lembrou a escrita de seus livros anteriores, como O Crime do Restaurante Chinês, Negócios e Ócios e História do Brasil, referência para estudantes de várias gerações; elogiou os livros de história desenvolvidos por alguns poucos jornalistas, como Elio Gaspari e Lira Neto, capazes de alinhar pesquisa e grande narrativa, falou ainda de suas lembranças de uma São Paulo que já não existe, com “o bonde, a biblioteca municipal, o futebol não tão profissionalizado em que alguns ainda jogavam pela camisa”. Na cidade de hoje, diz, já não se reconhece.
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