ENTREVISTA: Com vários trabalhos na dramaturgia, Felipe Roque fala do desafio de ser artista no Brasil e de sua trajetória.

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Quase Engenheiro Civil, modelo, ator, Felipe Roque é também empreendedor na área de dramaturgia. Em passagem rápida por Goiânia, para fotografar para a marca Aero Street Wear, recebeu a equipe do Portal Betioli para um bate-papo sobre as dificuldades de ser ator no Brasil, novos projetos e sua trajetória como artista.

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Com estreia marcada para 31 de agosto na novela “A Regra do Jogo”, de João Emanuel Carneiro, na TV Globo; dia 22 de outubro com o filme “S.O.S. – Mulheres ao Mar 2”, de Cris D’Amato, e com a volta da peça “Crônica do Amor Mal Amado” para os palcos no Rio de Janeiro a partir de setembro, Felipe Roque também está ansioso pelo Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, que acontece entre os dias 19 e 30 de agosto, e onde concorre com o filme “GO ESTUDO PRO”.

 

Teatro, cinema, televisão, você é um profissional multifunções. Mas como tudo começou? Primeiro veio a vida como modelo e depois investiu na carreira de ator?

Felipe Roque – Na verdade eu comecei como ator. Eu estudo teatro desde pequeno, comecei ainda na escola, no meu horário livre, extracurricular. Mas na época do vestibular, deixei o teatro mais como hobby. Depois que passei para Engenharia Civil, voltei a estudar teatro, mas também acabei investindo na carreira de modelo e fui morar fora do país – até para ganhar uma grana.

E você se formou em engenharia civil?

Felipe Roque – Pois é, não me formei. Tranquei e voltei várias vezes porque o curso exige uma dedicação integral – e acabei não terminando. Eu fazia na UFRJ, no Rio de Janeiro, cheguei a cursar uns 3 anos.

E por qual área você começou como ator?

Felipe Roque – Comecei pelo teatro desde pequeno na escola. Profissionalmente, eu comecei a estudar em 2006/2007 na Casa de Dramaturgia Carioca (polo cultural onde são realizadas peças teatrais, cursos, palestras, cine clubes e workshops. A equipe é composta de renomados nomes da arte dramática brasileira, como: Camilla Amado, Ana Kfouri, Sura Berditchevsky, Cláudio Gabriel, Andréia Jabor, Pedro Brício, Fátima Toledo, Pedro Vasconcelos, Guida Vianna, Roney Vilella, Jonas Torres, Marcelo Escorel entre outros). Foi aí que o impasse entre engenharia e dramaturgia começou. E aos poucos fui largando a engenharia e tomando coragem em seguir a vida como ator.

Ser artista no Brasil é um desafio?

Felipe Roque – É uma instabilidade grande ser artista no Brasil. É complicado, uma luta constante.

Qual foi a sua primeira peça?

Felipe Roque – A minha primeira peça foi “Crônica do Amor Mal Amado” – uma comédia de Raul Franco com direção de Bia Oliveira, com Camila Hage, Luca Pougy e eu -, que voltará aos palcos em setembro, no Rio de Janeiro.

Além de atuar, você também produz? Quando começou como empreendedor na dramaturgia?

Felipe Roque – Abri uma produtora há 3 anos com dois amigos atores para que pudéssemos nos produzir porque gastávamos muito dinheiro fazendo cursos, workshops, etc. Assim surgiu a ideia de juntos abrirmos uma produtora, comprar equipamento e começar a nos filmar. “Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão” e nasceu a “A Gente Junto”, produtora da qual sou sócio com Guilherme Scarpari e Luca Pougy. Nossa ideia principal era fazer só dramaturgia, mas outras coisas apareceram e já fizemos clips musicais, trabalhos fotográficos, além, claro, da dramaturgia. Dois curtas e um longa-metragem também fazem parte do nosso portfólio.

E como tem sido esta experiência?

Felipe Roque – Tem sido uma experiência maravilhosa nestes 3 anos. Recentemente, terminamos o nosso primeiro curta “GO ESTUDO PRO”, que foi aceito no Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo e está inscrito em mais seis festivais internacionais.

O curta fala sobre a vida amorosa de um casal tímido e bem comportado, Denise e Arthur, que estão casados há dez anos e a relação caiu na rotina, até que na internet, em um chat despretencioso, Denise conheceu alguém muito especial, um novo amor que virou sua cabeça. O trabalho de Domingos Oliveira propõe sequências e planos capturados pela GoPro para contar essa história. No elenco Renata Paschoal, Isaac Bernat e Soraya Ravenle.

E cinema como começou?

Felipe Roque – Na minha vida mesmo começou neste ano. Foram duas oportunidades muito legais: participação e direção de fotografia no “Barata Ribeiro 716” do Domingos Oliveira, que é o último longa dele; e fiz o “S.O.S. Mulheres ao Mar 2” que gravei só como ator, mas foi maravilhoso. Fiz um teste no final do ano passado para o filme. Na virada do ano, no dia 01 de janeiro, o Julio Uchôa me ligou falando que eu estava no elenco. Será uma participação apenas, mas é super legal porque eu sou par romântico de uma das protagonistas, da Fabiola Oliveira que é uma atriz maravilhosa. Por causa da gravação passamos quase 40 dias fora, passamos por Miami, Orlando, Cancun, Bahamas, Cozumel, vários lugares. Foi um Roadmovie já que também filmamos muito de carro em vários lugares dos Estados Unidos. Foi uma experiência maravilhosa.

Agora o próximo passo é a televisão. Qual é sua expectativa?

Felipe Roque – Em 31 de agosto estreia a novela “A Regra do Jogo”, onde farei o Kim Sampaio. Eu estou amarradão nesta oportunidade, neste primeiro trabalho. Eu já gravei as externas, os estúdios ainda não estavam liberados, e foi uma delícia.

Como será o seu personagem?

Felipe Roque – O Kim Sampaio tem 20, 21 anos, ele é surfista, vaidoso, narcisista ao extremo, consumista, meio mimado pelos pais, garoto da Barra, típico carioca. Tem uma família legal, estruturada que vai perder tudo, vai à falência e se muda para a casa do avô Feliciano Stuart, que será interpretado pelo Marcos Caruso.

Seu personagem terá um desafio grande para se readaptar pelo visto?

Felipe Roque – Exatamente. Ele vai passar por várias situações legais para se readaptar, conseguir ganhar dinheiro, porque ele sempre foi bancado pelos pais.

Falando em dificuldades, qual é a maior dificuldade para quem quer ser ator no Brasil hoje?

Felipe Roque – Sem dúvidas é a questão financeira. É difícil você conhecer um ator que é só ator – são poucos. Do contrário, o artista precisa correr atrás, se produzir, dirigir, criar a história, ir para vários lugares, cuidar do áudio, editar. Acho que sou fruto deste sistema atual. Lá fora você tem cursos maravilhosos e um ator que faz uma peça de teatro consegue viver e sustentar a família dele, e aqui no Brasil isso não existe. Se você não tem patrocínio de alguma lei de incentivo à cultura, você tem que correr muito atrás para fazer tudo de modo independente, para tentar sobreviver. A verdade é que quando o teatro sai no zero a zero você fica feliz.

Você acha que a carreira traz falsas ilusões para quem quer ser artista?

Felipe Roque – Eu acho. Quando você escolhe ser ator, ser artista, temos a certeza que não teremos estabilidade financeira. Tem que ter amor, mas também correr muito atrás.

Fotos João Rojano

Agradecimento: Assessoria Artística Fabricio Magalhães, Muleka Produções

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