Festival de Cinema de Gramado apresenta filmes selecionados e homenagens.
Tradicional festa do cinema brasileiro e latino acontece entre os dias 17 e 26 de agosto.
Toda festa de aniversário sugere a celebração de uma história, mas, para o Festival de Cinema de Gramado, chegar aos 45 anos também significa interpretar o presente e projetar o futuro com os olhos no retrovisor. É com essa percepção que o evento serrano apresenta, entre os dias 17 e 26 de agosto, os contrastes de um cinema brasileiro e latino-americano que, em constante transformação, entrelaça tradição e contemporaneidade. Com uma programação dedicada a destacar o melhor da mais recente safra de realizadores veteranos e de novos profissionais que despontam no cenário audiovisual, Gramado promete fazer uma festa à altura de seus 45 anos.
Mais uma vez à frente da gestão, a Gramadotur, autarquia realizadora dos eventos públicos da cidade serrana, reafirma seu trabalho transparente e contínuo com o Festival de Cinema de Gramado. “A possibilidade de coordenar um evento de forma ininterrupta nos permite aperfeiçoar diretrizes, consolidar metas e estabelecer uma dinâmica colaborativa. Para essa edição festiva de 45 anos, buscamos fazer novamente um trabalho sustentável e alinhado com toda a tradição e o significado de um evento da magnitude do Festival de Cinema, cuja trajetória tem papel histórico na comunidade gramadense e na cinematografia brasileira e latina”, comenta o presidente da autarquia Edson Néspolo.
Para a diretora de eventos da Gramadotur, Iara Sartori, a importância de construir os 45 anos do Festival de Cinema de Gramado vai além da celebração de um simbólico aniversário. “Mesmo em tempos difíceis e adversos, onde a cultura recebe constantes cortes e cancelamentos, estamos tornando o Festival de Cinema uma realidade. Com um trabalho conjunto e a presença de apoiadores históricos que entendem a relevância da realização de um evento como Gramado, estamos prontos para escrever mais um capítulo da história desse festival reconhecido historicamente por sua resistência cultural”, aponta.
Mostras competitivas: ineditismo e a festa da internacionalização
A proposta do constante diálogo entre as diferentes expressões do fazer cinematográfico está diretamente refletida na mostra competitiva de longas-metragens brasileiros, que, formada inteiramente por títulos inéditos, traz, em primeira mão no circuito nacional, produções brasileiras que viajaram internacionalmente por festivais como Berlim e Cannes, ao mesmo tempo em que realiza a estreia mundial de obras que escolheram Gramado como sua plataforma de lançamento. Além disso, o diálogo com as novas possibilidades de exibição audiovisual se aprimora: é na Serra Gaúcha que acontece a primeira exibição do primeiro filme Original Netflix produzido no Brasil.
Para o curador Rubens Ewald Filho, a múltipla e inédita seleção representa uma excelente resposta a um desafio que a curadoria tenta, a cada ano, mostrar ser possível superar: “Gramado é uma lenda. E, tornando-se uma lenda, algumas coisas ficam mais fáceis, outras bem mais difíceis, como manter o status de lenda. Para algumas pessoas, às vezes pouco interessa se o cinema brasileiro vai bem como um todo. Elas querem saber é se ele vai bem em Gramado. Dessa forma, nossa missão é sempre renovar o Festival na medida em que ele se torne uma lenda também para novas gerações. Por tudo isso, o Festival está sempre em vias de transformação, crescendo e se modificando, mas sempre sem perder as características que o tornaram tão querido”.
O momento também é de celebração para o cinema latino-americano, já que, em 2017, são comemorados os 25 anos da internacionalização do Festival. Segundo a curadora Eva Piwowarski, há muito o que se comemorar em relação ao cinema latino ao longo desse tempo: “Quando Gramado se internacionalizou, eram poucos os festivais de cinema, sobretudo os eventos voltados ao cinema latino, cuja produção também era muito mais tímida. Hoje já falamos de uma indústria cinematográfica verdadeiramente latina, onde praticamente todos os países estão produzindo. É fantástico que isso esteja acontecendo”. Em meio a essa celebração, um recorde já dá a tônica para a mostra estrangeira de 2017: superando os números da última edição, são dez os países representados na competição, reforçando os fortes laços criados entre as cinematografias latinas em suas coproduções.
Cinema gaúcho em curta-metragem
Tradicional incentivo do Festival de Cinema de Gramado à mais recente safra do cinema realizado no Rio Grande do Sul, a Mostra Gaúcha de Curtas está novamente garantida através do acordo com a Assembleia Legislativa do Estado. Foram 125 produções inscritas, um recorde na categoria. Os 14 filmes da mostra foram selecionados pela comissão escolhida em parceria com as entidades do cinema gaúcho. Integraram a comissão: Conrado Heoli, crítico de cinema; Denise Marchi, cineasta; Pâmela Haubert, cineasta; Tailor Diniz, escritor; e Thiago Köche, cineasta.
Filme de abertura: “João, o Maestro”
Abrindo a programação de longas do 45º Festival de Cinema de Gramado, “João, o Maestro”, do diretor Mauro Lima (“Tim Maia”, “Meu Nome Não é Johnny”), será exibido hors-concours no dia 18 de agosto. Estrelado por Alexandre Nero, o filme é baseado na vida do pianista brasileiro João Carlos Martins, um dos poucos músicos a gravar a obra completa de Bach. Os atores Rodrigo Pandolfo, Alinne Moraes e Caco Ciocler também fazem parte do elenco.
Educavídeo
Agora contemplada na data oficial do evento, a sessão especial do Educavídeo, projeto gramadense que leva o audiovisual como ferramenta de educação para a rede municipal de ensino, novamente marca a primeira projeção no Palácio dos Festivais durante o Festival de Cinema de Gramado. Desde 2013 levando os futuros cineastas da cidade para dentro do evento e dando à comunidade gramadense seu merecido protagonismo na programação, a iniciativa já se tornou uma tradição no calendário da cidade. Serão três produções em exibição: “O Roubo do Livro”, de Gustavo Gomes; “Será Que o Amor Sempre Vence?”, de Ticiane Silva; e “Pra Sempre, Você”, de Bruno Peteffi, com codireção de Lauterbach Amorim.
Segundo a secretária de educação de Gramado, Gilça dos Santos Silva, o Festival de Cinema de Gramado transformou a presença do Educavídeo na cidade: “A sessão dos filmes no evento foi o que impulsionou e deu maior visibilidade para o projeto. Os alunos procuram o Educavídeo naturalmente, por interesse próprio, o que reforça a vocação histórica que a cidade tem com o cinema. A partir dessa iniciativa, o Festival de Gramado passa a ter também um cunho pedagógico, dando protagonismo à comunidade gramadense e celebrando um projeto que busca profissionalizar continuamente seus alunos, além de mostrar a cada um deles que é possível sim fazer cinema em sua própria cidade”.
Canadá, o país convidado de honra
Em uma iniciativa inédita, o Festival de Cinema de Gramado apresenta o Canadá como país convidado de honra. Além da presença do consulado e de uma delegação que acompanhará de perto a programação do evento, o Canadá também trará para Gramado sua expertise na produção audiovisual com seminários e workshops ministrados por prestigiadas instituições de ensino do país. O cronograma de atividades já está sendo definido pela embaixada do Canadá no Brasil junto à Gramadotur. O convite para ser o país convidado de honra do Festival de Cinema de Gramado vem em um momento festivo para o Canadá, uma vez que, em 2017, é comemorado o sesquicentenário do país.
Gramado cada vez mais internacional
A novidade envolvendo o Canadá aponta para um caminho que Gramado vem trilhando nos últimos anos: o de uma internacionalização ainda mais ampla e dialogante. “Esse desejo começou ainda em 2012, quando exibimos ‘360’, de Fernando Meirelles, um diretor que dialoga com o mundo. Ali já plantamos uma semente: de repente, deixamos de lado um perfil umbilical e abrimos o Festival naturalmente para o mundo. Ano a ano, procuramos trabalhar isso cada vez mais, e, por estarmos em uma edição festiva de 45 anos, apostamos em reforçar a ideia da internacionalização. Sempre que for possível, necessário e interessante, embarcaremos nessa proposta, que tem se revelado uma vocação de Gramado e da indústria cinematográfica”, comenta o curador Marcos Santuario.
Gramado Film Market: Conexões
Propiciando um ambiente para estreitamento de relações e criação de novos contatos, o 45º Festival de Cinema apresenta o Gramado Film Market: Conexões, direcionado a profissionais e universitários do segmento audiovisual. Painéis temáticos e oficinas focados na ampliação de segmentos, visão de expertises, futuro, incentivo a coproduções, novos negócios e network farão parte da programação. O Gramado Film Market: Conexões acontecerá nos dias 24 e 25 de agosto.
45º FESTIVAL DE CINEMA DE GRAMADO
Homenagens
TROFÉU OSCARITO
Com 33 anos de carreira e mais de 40 filmes no currículo, a paraense Dira Paes é a homenageada com o troféu Oscarito, destinado a grandes atores da cinematografia brasileira. Em Gramado, Dira levou o Kikito em 2003, como melhor atriz coadjuvante, pelo longa “Noite de São João”, e em 2011, como melhor atriz, pelo curta “Ribeirinhos do Asfalto”. Entre os vários prêmios que recebeu nacionalmente, ela não esconde seu carinho por Gramado: “Todo ator tem o maior orgulho de ganhar o Kikito. Nas duas vezes que ganhei, senti meu trabalho reconhecido pelo Brasil inteiro, porque esse é um prêmio que ecoa por todo país. Estar em Gramado é sempre uma emoção muito grande”.
TROFÉU EDUARDO ABELIN
Prestando homenagem a um de seus grandes amigos e incentivadores, o Festival celebra a carreira do cineasta gaúcho Otto Guerra com o troféu Eduardo Abelin, distinção entregue a diretores, cineastas e entidades do cinema nacional. Há mais de quatro décadas fazendo carreira no cinema de animação, Otto esteve pela primeira vez no Festival em 1984 com “O Natal do Burrinho”, que lhe rendeu o prêmio de melhor filme na Mostra Gaúcha de Curtas. Desde então, teve seus trabalhos premiados em outras seis edições do evento. “Esse tipo de legitimação, quando pessoas da área reconhecem o teu trabalho, dá um significado, um propósito”, conta o homenageado.
KIKITO DE CRISTAL
Dedicado a expoentes do cinema latino-americano, o troféu Kikito de Cristal será entregue à atriz argentina Soledad Villamil. Seu maior hit veio em 2009, quando atuou em “O Segredo dos Seus Olhos”, célebre longa argentino vencedor do Oscar de filme estrangeiro, mas sua relação com o cinema começou ainda no início da década de 1990. Antes mesmo de “O Segredo dos Seus Olhos”, Soledad já havia trabalhado com o diretor Juan José Campanella em outro reconhecido filme argentino: “O Mesmo Amor, a Mesma Chuva”, de 1999, exibido no 28º Festival de Cinema de Gramado. Como atriz, a homenageada também acumula trabalhos no teatro e na televisão argentina.
TROFEU CIDADE DE GRAMADO
A estreia no cinema aconteceu em 1960, com “Bahia de Todos os Santos”, e, desde lá, o ator Antônio Pitanga já participou de mais de 50 produções em uma prolífera e dedicada carreira ao cinema nacional. A convivência com grandes diretores do Cinema Novo também despertou a vontade de dirigir filmes, concretizada em 1978, com “Na Boca do Mundo”. Presença constante no Festival de Cinema de Gramado, seja como concorrente, jurado, convidado ou simplesmente espectador do evento serrano, o baiano terá sua carreira celebrada com o troféu Cidade de Gramado, que também marca a sua longa relação com a cidade e o evento serrano.
45º FESTIVAL DE CINEMA DE GRAMADO
Filmes em Competição
LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS
– “A Fera na Selva” (RJ), de Paulo Betti, Eliane Giardini e Lauro Escorel
– “As Duas Irenes” (SP), de Fábio Meira
– “Bio” (RS), de Carlos Gerbase
– “Como Nossos Pais” (SP), de Laís Bodanzky
– “O Matador” (PE), de Marcelo Galvão
– “Não Devore Meu Coração!” (RJ), de Felipe Bragança
– “Pela Janela” (Brasil/Argentina), de Caroline Leone
LONGAS-METRAGENS ESTRANGEIROS
– “Los Niños” (Chile/Colômbia/Holanda/França), de Maite Alberdi
– “Pinamar” (Argentina), de Federico Godfrid
– “El Sereno” (Uruguai), de Oscar Estévez & Joaquín Mauad
– “Sinfonía para Ana” (Argentina), de Virna Molina e Ernesto Ardito
– “El Sonido de las Cosas” (Costa Rica), de Ariel Escalante
– “La Ultima Tarde” (Peru), de Joel Calero
– “X500” (Colômbia/Canadá/México), de Juan Andrés Arango
CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS
– “#feique” (RJ), de Alexandre Mandarino
– “A Gis” (SP), de Thiago Carvalhaes
– “Cabelo Bom” (RJ), de Swahili Vidal
– “Caminho dos Gigantes” (SP), de Alois Di Leo
– “Mãe dos Monstros” (RS), de Julia Zanin de Paula
– “Médico de Monstro” (SP), de Gustavo Teixeira
– “O Espírito do Bosque” (SP), de Carla Saavedra Brychcy
– “O Quebra-cabeça de Sara” (RJ), de Allan Ribeiro
– “O Violeiro Fantasma” (GO), de Wesley Rodrigues
– “Objeto/Sujeito” (SP), de Bruno Autran
– “Postergados” (SP), de Carolina Markowicz
– “Sal” (SP), de Diego Freitas
– “Tailor” (RJ), de Calí dos Anjos
– “Telentrega” (RS), de Roberto Burd
CURTAS-METRAGENS GAÚCHOS (Prêmio Assembleia Legislativa)
“10 Segundos” (Canoas), de Thiago Massimino
“1947” (Porto Alegre), de Giordano Gio
“Através de Ti” (Santa Cruz do Sul), de Diego Tafarel
“Bicha Camelô” (Pelotas), de Wagner Previtali
“Cores de Bissau” (Porto Alegre), de Maurício Canterle
“Gestos” (Porto Alegre), de Alberto Goldim e Júlia Cazarré
“Kátharsis” (Caxias do Sul), de Mirela Kruel
“Luna 13” (Porto Alegre), de Filipe Barros
“Mãe dos Monstros” (Porto Alegre), de Julia Zanin de Paula
“Secundas” (Porto Alegre), de Cacá Nazario
“Sena, Os Fios em Prosa” (Porto Alegre), de Marcelo da Rosa Costa e Cacá Sena
“Sob Águas Claras e Inocentes” (Porto Alegre)”, de Emiliano Cunha
“Solito” (Porto Alegre), de Eduardo Reis
“Telentrega” (Porto Alegre), de Roberto Burd