Sai alvará para as obras do Teatro Cultura Artística
Depois de sete anos de muito trabalho com grandes profissionais debruçadosno projeto, sai o último documento para a liberação das obras de reconstrução do teatro Cultura Artística. Destruída por um incêndio em agosto de 2008, a sede da Sociedade de Cultura Artística – entidade com mais de cem anos de atuação no cenário cultural brasileiro – será três vezes maior e abrigará outras atrações culturais além dos concertos e peças de teatro.
“O novo Cultura Artística vai abrigar além dasnossas temporadas anuais de concertos, atualmente apresentadas na Sala São Paulo, uma programação para diferentes públicos, que abrangem música erudita e popular, dramaturgia, dança, ópera, artes plásticas e ações educativas”, diz Frederico Lohmann, superintendente da Sociedade de Cultura Artística. “A ideia é que o espaço funcione o dia inteiro e não apenas à noite, como um teatro convencional. O novo Teatro Cultura Artística reunirá todos que consomem arte e cultura de diferentes influências e tipos”.
Custos
A Cultura Artística já tem recursos suficientes para a primeira fase da obra, que inclui fundações e estrutura. “A partir de setembro vamos empreender uma campanha de captação para arrecadar os recursos para as demais fases”, explica Frederico.
Envolvidos
Para a concretização do projeto do novo Teatro Cultura Artística, foram envolvidas 32 equipes de trabalho, somando mais de 80 profissionais brasileiros e estrangeiros de diversas áreas.
Paulo Bruna, arquiteto considerado o sucessor de Rino Levi (responsável pelo teatro original em 1950) assina o projeto arquitetônico, que preserva a fachada original e o painel de Di Cavalcanti, restaurado em 2011.
Os consultores da Theatre Projects Consultants (Grã-Bretanha e EUA), que têm no currículo mais 1.300 projetos ao redor do mundo, incluindo a Ópera de Oslo (Noruega), The Kodak Theatre (EUA) e a reforma do Lincoln Center (EUA), deram importante contribuiçãoauxiliando na definição dos espaços e de seus usos, bem como no detalhamento do projeto cênico (palco e equipamentos).
Uma parceria entre a americana Akustiks e a brasileira Acústica & Sônica, do especialista José Nepomuceno, assina o projeto acústico do teatro.
A Pura Arquitetura foi responsável pelo detalhamento e compatibilização do projeto. A Pura assina os prédios do condomínio Rochaverá Corporate Towers, na Zona Sul de São Paulo.
A Relacionarte é a empresa responsável pela gestão de todo o projeto, incluindo a administração de contratos, a coordenação das equipes e o desenvolvimento de planos de ação eestratégias para captação de recursos.
A OTEC, que presta consultoria para construção civil, deu apoio no alinhamento do projeto aos padrões exigidos pelo sistema de certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design).
O painel de Di Cavalcanti
Em 2011 foi finalizado o processo de restauro do painel de Di Cavalcanti, a um custo de R$1,5 milhão. Isabel Ruas e a equipe da Oficia de Mosaicos fizeram um minucioso trabalho. Em outubro de 2012 o restauro recebeu do IPHAN o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade na categoria Restauro de Bens Móveis e Imóveis O painel continua coberto por uma estrutura que irá protegê-lo durante as obras.
O PROJETO
O projeto tem área construída total de 13 mil m² e prevê duas salas de espetáculos com compacidades de 1.130 e 212 lugares, dois foyers, uma livraria e um bar, além de espaços expositivos e de um terraço-jardim aberto à circulação do público. O palco da sala maior será equipado com toda infraestrutura necessária a espetáculos de ópera e balé.
A primeira fase das obras está prevista para ter início ainda em 2015. A concorrência para escolha da construtora está em andamento e a empresa selecionada será anunciada em breve.
A história do Teatro Cultura Artística
Projetado em 1942 pelos arquitetos Rino Levi, Roberto Cerqueira Cesar e F. Pestalozzi, O TEATRO CULTURA ARTÍSTICA, foi construído entre 1947 e 1949. A inauguração nos dias 8 e 9 de março de 1950 foi marcada por dois extraordinários concertos regidos por Heitor Villa-Lobos e Camargo Guarnieri, respectivamente. A visibilidade e a acústica haviam sido cuidadosamente estudadas conferindo à sala condições excelentes. A parede externa recebeu um grande mural escolhido em concurso do qual participaram o pintor Emiliano Di Cavalcanti – que ganhou –, o paisagista Roberto Burle Marx e o arquiteto Jacob Ruchti. Ocupando toda a fachada, o painel Alegoria das Artes foi executado em tesselas de vidro daVidrotiletem 48m de comprimento por 8m de altura.
Na madrugada de 8 de agosto de 2008 o teatro foi destruído por um incêndio, restando intactos apenas o foyer inferior, o superior e o painel. Após ampla discussão com a Diretoria da Cultura Artística, ficou acertado que o novo teatro seria construído exatamente no mesmo local da sala destruída.